Um incêndio em uma casa de madeira, no final da manhã de quarta-feira, foi o estopim para um fato que gerou a interdição de parte da Rua Major Duarte, no bairro Menino Jesus, na região nordeste de Santa Maria. A movimentação, que começou com os bombeiros e, depois, teve a participação do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar (BM), do Exército, da Base Aérea de Santa Maria e do esquadrão antibombas do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da BM de Porto Alegre, chamou a atenção de moradores e de quem tentava passar pelo local, que ficou isolado das 11h às 18h20min.
Mas tudo não passou de um grande susto, pois os projéteis encontrados no local não continham explosivos. O fogo que tomou conta da casa revelou artefatos militares que estavam dentro da moradia. Ao combater as chamas, bombeiros encontraram três projéteis usados por aeronaves e três cunhetes (caixa de munições), todos de uso restrito das Forças Armadas.
Diante do risco de os materiais serem explosivos, foi chamado o Gate. Um policial do esquadrão antibombas entrou na casa às 18h10min e saiu do local seis minutos depois. Segundo o Gate, nenhum dos materiais era explosivo, e as caixas de munição estavam abertas e vazias.
Até que o Gate chegasse, por segurança, a via ficou totalmente interditada entre as ruas Gerônimo Gomes e Abreu Antônio Coelho.
_ Foi essa função o dia inteiro. Sem a gente saber se havia mesmo risco ou não. Perdi pelo menos três clientes que não quiseram fazer toda a volta na rua _ contou o representante comercial Antônio da Silveira, 50 anos.
A dona da casa Vanderli de Siqueira Acosta, 70 anos, cedia a casa para Loreni Moraes Freb, 49 anos, morar. Loreni contou que, na hora do incêndio, estava sozinha no pátio que fica nos fundos, e que, para sair, teve de pular uma grade:
_ Deparei com a fumaça. Não deu estrondo nenhum. Só começaram a estalar as madeiras. Gritei por ajuda, e alguém chamou os bombeiros.
A moradora disse que os artefatos eram usados para a decoração da casa. Dois filhos de Loreni, Marcelo Moraes Freb e Rodrigo Moraes Freb, são policiais militares. Marcelo pertence ao Corpo de Bombeiros de Esteio, e Rodrigo é do Batalhão Rodoviário da BM de Teutônia. Segundo Marcelo, os artesfatos foram levados para casa quando eles serviam na Base Aérea de Santa Maria. A Base Aérea confirmou que o material era da Aeronáutica e que, provavelmente, haviam sido retirados do campo de treinamento de Saicã, em Cacequi.
Moradora alertou sobre as caixas
Várias vezes, Loreni afirmou que as caixas eram usadas para guardar ferramentas e, para tentar provar, por volta das 16h30min, furou o bloqueio policial e entrou na residência, mas logo foi retirada de lá.
O coronel Jaime Garcia, do Comando Regional do Policiamento Ostensivo (CRPO) Central da BM, disse que quinta-feira deve ser finalizado um relatório sobre o fato. O documento será enviado aos comandos dos policiais militares, que seguirá com as investigações.
O QUE DIZEM
"Não existe crime militar neste caso. É um crime comum. Os comandos deles deverão abrir sindicâncias para investigar como eles estavam de posse desses artefatos."
Coronel Jaime Garcia, do Comando Regional do Policiamento Ostensivo (CRPO) Central da Brigada Militar
"Havia três projéteis, que eram usados em exercícios militares, e três cunhetes, que são caixas metálicas usadas para guardar munição. Íamos usar um equipamento de Raio X para saber o que tinha dentro das caixas, mas elas estavam abertas e vazias. Esses materiais eram da Base Aérea, e ela dará a eles o destino adequado. Muitos ex-militares, quando saem do quartel, levam esse tipo de material c"